Diante de tantas mudanças socioculturais, em uma época digital e com tamanha inversão de valores, como educar nossos filhos? São tantas informações distorcidas, nas quais o que é certo hoje é considerado errado e vice-versa, que gera uma confusão em nossas famílias. Em primeiro lugar, é necessário buscar a essência da vida e um questionamento preliminar: quem são os nossos filhos para nós? Por mais que tenhamos autonomia e livre arbítrio, nossos filhos são presentes de Deus. Nós os concebemos, cuidamos, amamos, educamos, mas não são propriedade nossa; cada um seguirá sua própria vida e nosso papel é ajudá-los a viver no amor e para o amor. Para tanto, devemos nos utilizar da linguagem do amor, como orienta Provérbios, 31,26: “fala com sabedoria e ensina com amor”. Falar aos filhos com sabedoria é assumir o lugar de pai e mãe e não delegar essa função à escola, aos catequistas ou aos avós. É ter a firmeza necessária para ensinar o que é certo ou errado; é dizer o “não” quando necessário; é esperar o momento certo para falar, mas falar com seriedade e ternura.
É também saber ouvir os filhos, pois em meio a tantas tarefas cotidianas, muitos pais não têm reservado tempo para os filhos. Muitos conseguem conversar por horas a fio nas redes sociais, mas não encontram tempo para perguntar ao filho se ele está bem ou não. E o pior é que, por falta de comunicação, quantas vezes perdemos a paciência com os nossos filhos. É comum ouvir de adolescentes: “meus pais não me escutam”. É lamentável que tenhamos invertido tanto os valores, ao ponto de dar mais atenção a pessoas que sequer conhecemos do que aos próprios filhos.
Precisamos rever nossas práticas e investir mais no amor.
Muitos de nós aprendemos, desde pequenos, a pedir a bênção aos pais como uma forma de proteção e respeito; de referir aos pais como “senhor” e “senhora”, princípios simples que faziam tanto bem na educação dos filhos, pois geravam respeito e bênçãos divinas e que nem sempre adotamos em nossos lares. Outra prática belíssima é fazer orações junto com os filhos, pois são momentos nos quais aprendemos a riqueza do perdão, da humildade, da união, da fraternidade e encontramos forças para vivermos em paz. Precisamos cativar nossos filhos, conquistá-los como amigos e parceiros, mas ao mesmo tempo, lembrar que somos seus pais e como tal, temos a belíssima missão de orientá-los “segundo a instrução e o conselho do Senhor” (Efésios, 6,4).
Apesar de todas as dificuldades geradas principalmente pelo avanço tecnológico e sua interferência na criação dos filhos, é possível buscar, por meio de gestos simples, maior aproximação com nossos filhos. Por exemplo, o ato de abaixar-se para conversar com as crianças; o olhar nos olhos dos filhos; o ato de até pedir desculpas se necessário for; a troca do uso do celular por uma brincadeira com os filhos; o limite para o uso de aparelhos tecnológicos; o hábito de ir à Igreja junto com os filhos; o tom de voz nas conversas com os filhos, são gestos que muito contribuem para que nossos filhos se percebam como protagonistas da história e parte importante de nossa família. Que tal tentarmos uma reengenharia em nossas famílias?
Afinal a linguagem do amor continua sendo o mais forte instrumento para a construção de uma sociedade mais justa, mais fraterna e mais solidária.
Fonte: A Tribuna de Mato Grosso